No dia 24 de outubro de 1941, no Sítio Oitis, a 2km do centro
de Santana do Cariri, a menina Benigna ia sozinha buscar água em uma
cacimba. Raul, um homem que há tempos se dizia apaixonado pela menina de
13 anos, a abordou ali pela última vez e, indignado com a recusa,
assassinou Benigna com um facão. “Ela defendeu sua castidade até a
morte”, explica Ypsilon Félix, membro da Comissão Diocesana pela
beatificação de Benigna, “este gesto de coragem impactou as pessoas”.
A 200 metros de onde o crime aconteceu, no sítio que hoje é chamado
de Inhumas, foi instalado um santuário para onde as pessoas vão a fim de
pagar promessas, rezar, deixar “ex-votos” e retirar água da cacimba por
onde Benigna passou antes de morrer. A romaria acontece desde 2003 e,
em 2013, a Diocese no Crato enviou ao Vaticano o pedido de beatificação
da garota, considerada uma mártir pelos fiéis que, a cada ano, vão rezar
pela sua alma.
A adoração a Benigna começa sempre a cada dia 15 de outubro, data em
que ela completaria aniversário, e vai até o dia 24, quando é lembrada a
sua morte. No último sábado, dia em que Benigna completaria 88 anos,
uma missa de abertura do evento aconteceu na Igreja Matriz. No próximo
domingo (23), às 6h acontece a romaria das crianças, uma caminhada até o
túmulo da mártir, que fica na Matriz. No dia seguinte, às 9h, devotos
levam flores para a celebração conhecida como “missa das flores”.
Ypsilon, que também é organizador da romaria, explica que Benigna,
mesmo antes de sua morte, já era considerada uma santa. “Ela não
conseguia ver os colegas receberem a palmatória na escola e preferia
receber o castigo por eles. Ela também reclamava muito quando via as
outras crianças matando pássaros e destruindo árvores”, conta o
pesquisador, “as pessoas gostavam de estar perto dela. Ela era uma
menina muito temente a Deus”.
Por ter morrido de forma brutal, defendendo a sua fé e seu temor, o
caso de beatificação de Benigna já avança uma etapa no processo, a de
precisar comprovar a existência de um milagre. O nome dela hoje carrega o
primeiro dos títulos no caminho até ser chamada de beata, que é o de
“serva de Deus”. Atualmente, o caso encontra-se na Congregação da Causa
dos Santos e, segundo Ypsilon, não tem data para encerrar. “Pode
acontecer amanhã, pode acontecer daqui a um ano. Mas eu tenho convicção
de que um dia ela vai ser beatificada”, ele diz com Fé.
Cariri Revista
http://caririrevista.com.br/romaria-da-menina-benigna/
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